Compliance e governança corporativa: princípios e diferenças
17/10/2024
Compliance e governança corporativa são conceitos complementares e cada vez mais relevantes para as empresas. Neste artigo, vamos te ajudar a entender seus princípios fundamentais e as principais diferenças entre eles.
O que é compliance empresarial?
Compliance empresarial é um conjunto de procedimentos e regras que garante que sua empresa esteja em conformidade com todas as leis, normas e regulamentos aplicáveis, tanto internos quanto externos. Trata-se de alinhar as atividades da organização aos padrões legais e éticos exigidos.
O compliance também cria uma cultura organizacional em que todos, de gestores a colaboradores, entendem a importância de agir dentro da legalidade e seguir diretrizes éticas. Isso reforça a transparência da empresa no mercado e contribui para uma atuação focada em valores.
Além disso, um programa de compliance bem implementado fortalece a reputação da empresa e ajuda a evitar multas e processos judiciais.
Quais são os pilares do compliance?
Compliance empresarial é um sistema complexo que depende de três recursos fundamentais: pessoas, tecnologias e processos. Esses elementos formam a base de um ambiente corporativo eficiente, estruturando os 10 pilares do compliance:
- Suporte da alta direção: O apoio e incentivo dos líderes da empresa são fundamentais para o sucesso do programa de compliance.
- Avaliação de riscos: Identifica os principais riscos aos quais a empresa está exposta, e com base nisso, cria um código de conduta e políticas personalizadas.
- Código de conduta e políticas de compliance: Documentação que serve como guia oficial para orientar os colaboradores nas práticas e posturas esperadas.
- Controles internos: Minimiza riscos e garante que todas as operações sigam as políticas e regulamentos.
- Treinamento e comunicação: Todos os colaboradores devem passar por treinamento para compreender as regras e o seu papel no cumprimento delas.
- Canais de denúncia: Ferramentas que permitem a funcionários e parceiros comerciais a denúncia de irregularidades sem medo de retaliação, promovendo uma cultura de transparência.
- Investigações internas: Garante que cada denúncia seja analisada e tratada de maneira adequada.
- Due Diligence: Processo de avaliação prévia, especialmente no relacionamento com terceiros, como fornecedores e parceiros comerciais. Serve para verificar a conformidade desses agentes e minimizar riscos de envolvimento com práticas antiéticas.
- Auditoria e monitoramento: O programa de compliance deve ser constantemente avaliado para garantir que está funcionando conforme planejado.
- Diversidade e inclusão: Políticas que promovem equidade e oportunidades iguais para todos, independentemente de gênero, raça ou orientação sexual.
Impacto do compliance na transparência e ética empresarial
O compliance é uma ferramenta essencial para manter a empresa no caminho certo, prevenindo condutas antiéticas como corrupção e fraudes, e preservando a integridade da organização.
Embora compliance, transparência e ética estejam interligados, eles têm diferenças importantes:
- Compliance assegura que a empresa esteja em conformidade com leis e regulamentações. É o cumprimento das normas que protegem o negócio de riscos legais e financeiros.
- Ética, por sua vez, vai além das obrigações legais. Ela se refere aos valores morais e às práticas que orientam o comportamento dos colaboradores, independentemente de serem ou não exigidas por regulamentos.
- Transparência é o resultado direto de um programa de compliance bem estruturado, pois está relacionada à forma clara, aberta e responsável com que as operações empresariais são conduzidas, sempre dentro dos padrões legais.
Leia também: Compliance fiscal, um guia para evitar riscos.
O que é governança corporativa?
Governança corporativa é um conjunto de práticas que define como uma empresa é dirigida e controlada. Ela estabelece responsabilidades na tomada de decisões e garante que a empresa se relacione de forma ética e eficiente com colaboradores, clientes e a sociedade.
O objetivo da governança é proteger os interesses dos acionistas e outros stakeholders, garantindo que a empresa opere de forma justa, transparente e alinhada com os interesses de todos. Adotar boas práticas de governança fortalece a reputação da empresa, facilita o acesso ao capital e ajuda a evitar conflitos de interesse.
Os 5 princípios da governança corporativa
A governança corporativa se baseia em cinco princípios essenciais que promovem uma gestão responsável: integridade, transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Entenda cada um:
- Integridade: Garante coerência entre o que é dito e o que é feito, promovendo lealdade à empresa e responsabilidade com stakeholders e a sociedade.
- Transparência: Compromisso de compartilhar informações relevantes com todas as partes interessadas.
- Equidade: Assegura que todos os acionistas, stakeholders, colaboradores e fornecedores, sejam tratados de forma justa e igualitária.
- Prestação de contas (Accountability): Todos os envolvidos na governança, incluindo gestores e conselheiros, devem assumir a responsabilidade por suas ações e decisões.
- Responsabilidade corporativa: Refere-se ao compromisso com a sustentabilidade, considerando os impactos sociais e ambientais nas estratégias de negócios.
Leia também: Como o setor de Tecnologia da Informação pode ajudar na Governança Corporativa?
Qual é a relação entre compliance e governança corporativa
O compliance garante que a empresa atue em conformidade com leis, regulamentos e políticas internas, já a governança corporativa estabelece as diretrizes sobre como a empresa deve ser gerida e promove transparência, responsabilidade e equidade nas relações.
Na prática, o compliance é um dos pilares da governança corporativa. Ele assegura que as práticas éticas definidas pela governança sejam cumpridas de forma rigorosa, criando mecanismos de controle e prevenção de riscos.
Portanto, podemos dizer que a governança corporativa define o que deve ser feito, enquanto o compliance garante como isso será executado, assegurando o cumprimento das normas.
Qual é a diferença entre compliance e governança corporativa
Os dois conceitos estão interligados, mas existem algumas diferenças fundamentais entre eles:
- Compliance foca na prevenção de riscos legais e éticos, garantindo que todos os processos operacionais estejam em conformidade com os regulamentos externos e as políticas internas.
- Governança corporativa tem um enfoque mais amplo, estruturando as práticas de gestão e alinhando os interesses de todas as partes envolvidas, como acionistas, conselheiros e gestores. Seu objetivo é garantir uma administração ética, transparente e que evite conflitos de interesse, promovendo a longevidade e a credibilidade da organização.
Principais falhas de governança corporativa e como o compliance pode ajudar
Quando os princípios de governança não são seguidos corretamente, o resultado são consequências que podem ir de financeiras a reputacionais. Veja algumas das principais falhas em governança e de que forma o compliance pode ajudar a preveni-las:
Falta de supervisão e prestação de contas
Uma das principais causas de falhas na governança corporativa é a ausência de mecanismos adequados de supervisão e accountability (prestação de contas). Quando não há monitoramento adequado das decisões, o risco de má gestão aumenta significativamente.
Um programa de compliance bem implementado coloca políticas e procedimentos claros para garantir que práticas de supervisão sejam seguidas. Também estabelece auditorias regulares e relatórios periódicos que ajudam a manter a transparência e a prestação de contas entre gestores e conselheiros.
Conflitos de interesse
Quando os interesses pessoais dos gestores e conselheiros prevalecem sobre os interesses da organização, abrem-se portas para decisões prejudiciais.
O compliance implementa políticas rigorosas de conflito de interesses, como declarações formais e procedimentos de auditoria interna para identificar e mitigar esses conflitos. Dessa forma, mantém os interesses da empresa como prioridade.
Problemas de transparência
A falta de transparência pode levar a problemas graves como fraudes financeiras e a desconfiança dos stakeholders. Sem transparência, acionistas e investidores não tem uma visão clara do real estado da empresa.
O compliance exige que informações relevantes sejam divulgadas de forma clara e regular. Com relatórios detalhados e auditorias independentes, o compliance promove a confiança entre a empresa e seus investidores, assegurando que todos tenham acesso às mesmas informações.
Falta de controle interno
Empresas com controles internos frágeis também ficam expostas a fraudes e erros que podem ser devastadores. A ausência de políticas claras ou de auditorias regulares deixa brechas para a ocorrência de má gestão e até mesmo corrupção.
O compliance fortalece os controles internos, criando mecanismos que monitoram todas as operações financeiras e contábeis da empresa. Esses mecanismos ajudam a identificar falhas rapidamente, evitando que pequenos erros se transformem em grandes problemas.
Compliance e governança corporativa no Brasil
No Brasil, a adoção de práticas de compliance e governança corporativa tem crescido, impulsionada por marcos legislativos como a Lei Anticorrupção (nº 12.846/2013) e a Lei de Lavagem de Dinheiro (nº 9.613/1998).
Esses avanços não se limitam apenas à legislação. Empresas brasileiras têm se preocupado cada vez mais em adotar práticas de governança corporativa alinhadas à ética e à transparência. Muitas organizações reconhecem a importância da governança e do compliance, embora ainda haja um longo caminho para que todas alcancem o nível de maturidade necessário.
É importante que as empresas nacionais estruturem de forma estratégica suas áreas de compliance para atender às crescentes demandas regulatórias e sociais.
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Fontes: