Cultura da privacidade: conheça a sacada das grandes empresas para 2020
25/06/2019
Como você se sentiria se fosse obrigado a instalar um aplicativo que monitora as fotos que você tira da sua família, invadindo totalmente sua privacidade?
E se, além disso, sua rotina fosse filmada por mais de 100 milhões de câmeras espalhadas pelo Brasil?
E se essas imagens alimentassem um sistema que analisa seu perfil e decide se você é uma ameaça ao governo?
Tem mais: e se policiais em certas áreas pudessem te parar na rua e verificar todo o conteúdo do seu smartphone, violando a privacidade das suas conversas?
Parece assustador e até um pouco “Black Mirror”, não é?
Na verdade, essa já é a realidade de alguns chineses. Realmente coloca em perspectiva o quão importante é termos a nossa privacidade frente a tanta tecnologia, concorda?
Existe também outra questão que deixa clara a razão do ocidente vir tratando a questão de dados pessoais e privacidade com leis tão rigorosas.
A segurança.
Veja só: no final de 2018, uma empresa deixou vazar dados atribuídos a 191 milhões de brasileiros e 35 milhões de CNPJs, indo de renda até o nome da mãe daquelas pessoas.
Ou seja, a dinâmica entre tecnologia, compartilhamento e dados pessoais tornou necessária a criação de mecanismos legais que priorizam a privacidade dos titulares.
E isso quer dizer que as empresas e todos os seus colaboradores também precisam se adequar a um novo paradigma: o de uma cultura corporativa de privacidade.
Isto é, se quiserem continuar caminhando em direção ao futuro, como já estão fazendo grandes empresas.
Acompanhe com a gente os pontos mais importantes deste modelo e como dar os primeiros passos em direção a ele:
Compliance
A Lei Geral de Proteção de Dados está a cada dia mais próxima de entrar em vigor, e estabelece princípios bem claros para o tratamento de dados de pessoas físicas nas empresas daqui em diante.
Além disso, as novas regras desse jogo se aplicam a todas as empresas do Brasil, sem distinção.
Pois é, a sua empresa também vai ter que se adequar.
E uma empresa com uma boa cultura de privacidade deve ter como objetivo o compliance contínuo a essa legislação. Contínuo porque a conformidade à LGPD é sempre um movimento, e não um destino.
E se você imagina que isso é assunto só para o jurídico, pense de novo. A LGPD também tem seus impactos cadastrais, fiscais e em toda a cadeia produtiva.
Quer um exemplo?
Se ocorrer alguma falha na segurança de dados, mesmo que seja feita por um terceiro da sua cadeia de fornecimento, a sua empresa também pagará o pato (que pode chegar à bagatela de R$ 50 milhões).
E quem já tem experiência na área de cadastros ou fiscal sabe que tudo o que NÃO precisamos é de mais motivos para pagar multas!
Aí também entram dados pessoais de motoristas, compradores e a integridade da base de dados de clientes. Tudo deve passar por processos de consentimento.
Equilíbrio
“Dizer que você não liga para privacidade porque não tem nada a esconder é como alegar que não liga para a liberdade de expressão porque não tem nada a dizer.”
– Edward Snowden
Em 2014, um estudo global indicou que 73% dos brasileiros achavam que seria difícil garantir sua própria privacidade nos próximos 5 anos.
Além disso, apenas 26% deles estavam dispostos a negociá-la.
Isso significa que as pessoas querem as conveniências que a tecnologia traz, mas não estão mais dispostas a trocarem seus dados pessoais por elas.
A privacidade se tornou um direito inegociável.
O problema é que, nesta era de Big Data, os dados têm um objetivo estratégico para a tomada de decisões importantes na empresa.
E infelizmente, ficou para as empresas a responsabilidade de fazer um malabarismo para atender à Lei, aos interesses da sociedade e aos objetivos da própria corporação.
Mas isso não significa o fim de boas análises e de todo um trabalho de Business Intelligence. A procura é por um equilíbrio que faça a coleta de dados valer a pena para você também.
Proatividade
O contexto pós-LGPD exigirá que as empresas tenham uma postura proativa e não reativa em relação ao que possa comprometer a privacidade dos dados.
Afinal, depois de um vazamento, por exemplo, não resta muito o que fazer, concorda?
Desta forma, não basta só ter um plano de ação caso os dados sejam comprometidos de alguma forma. Também é importante pensar no que fazer para evitar incidentes a todo custo.
E uma empresa só cultiva uma cultura de privacidade verdadeira quando isso passa a ser preocupação de todos dentro dela.
Privacidade desde a concepção
O privacy by design, ou privacidade desde a concepção, é uma abordagem que garante proteção automática dos dados como configuração padrão.
Isso quer dizer que, do início ao fim do ciclo dos dados na empresa, a privacidade do titular fica protegida sem que seja necessário tomar medidas adicionais.
Privacy by design é o estágio final de uma empresa imersa em privacidade, transparência e dados mínimos.
É claro que esse processo vale para os dados que coletados daqui para a frente. Mas está mais do que na hora de tomar medidas para começar a implementá-lo.
Por onde começar
Parece irônico que, numa época de explosão de Big Data, exista um movimento que nos leva para a coleta mínima de informações.
Porém, há muito valor em modelos baseados em simplicidade e transparência. É um compromisso com a individualidade de cada um que confia na empresa.
Um primeiro passo para dar o start nisso é compartilhar informações sobre o tema com todos. Afinal, uma cultura só nasce quando práticas, histórias e sentimentos são transmitidos.
É claro que não será fácil para nenhuma empresa atender ao novo cenário de gestão de dados. Mas não significa que o processo seja um bicho de sete cabeças.
Já existem tecnologias que facilitam e muito os processos de consentimento, guarda e alerta no caso de brechas na segurança dos dados. E tem muita empresa grande saindo na frente com elas.
Delegando processos como esses, sobra mais tempo para realizar novas análises de dados e encontrar caminhos supreendentemente produtivos.
Por hoje, é só. Mas fique ligado no blog Midas para muito mais conteúdo de valor sobre gestão, dados e tecnologia!
Quer uma outra dica para começar a difundir essa cultura de privacidade? Mande o link deste texto para os colegas ou compartilhando no LinkedIn. ; ) Um abraço e até mais!